Apetecia-me:
Ter-te aqui e agora.
Possuir-te a alma de desejo.
Roubar-te os medos.
Devorar-te num olhar.
Cairmos no chão como sempre caímos.
Beijar-te à chuva como da primeira vez.
Partilhar-mos o cigarro e sentir o sabor dele na tua boca.
Perder os meus sentidos no teu abraço.
Ouvir-te dizer o quanto gostas de mim.
Dançarmos sem despedidas.
Estar em paz quando me agarras forte.
Sentir como o fruto proibido é o mais apetecido.
Sorrirmos até às lagrimas.
Escutar as tuas confissões frustradas ao dizeres-me que quando estás com ela pensas em mim e de como tudo isso é errado.
Encostares os teus lábios aos meus e perguntares num sussuro profundo o que sinto.
Chatiar-me contigo para me reconciliar a seguir.
Te beijar como se o amanhã não fosse nunca existir.
Apertares me tanto nos teus braços até doer, porque não é tao grande essa dor como a dor de não te ter.
Deixar-te cicatrizes, não na carne mas na alma.
Consumir-te até não teres mais fôlego, mais força ou mais sentimento.
Chegar perto de ti e me elogiares.
Convenceres-me de como somos parecidos, de quão importante sou na tua vida.
Fugir contigo e me entregar ao teu corpo.
Marcar as minhas unhas roídas pela tua pele morena.
Carimbar a minha boca no teu pescoço
Guardar o perfume da tua carne na minha mente, para o cheirar na tua ausência.
Gastar-te, corpo e alma.
Usar e abusar dos teus sentidos.
Ter as tuas mãos asperas, silenciosas a percorrer-me e conhecer-me.
E depois voltares para o teu mundo contra a vontade e mesmo na distancia levares me contigo na consciencia.
Sentir que o passado é apenas isso, passado e que tu és o meu presente.
Quando ela te agarrar, te despir cheia de loucura, encontrar-me-à, a mim em ti.
Marcas no teu corpo e cicatrizes na tua alma, e no silêncio verá o meu cabelo perdido, sentirá o meu cheiro, a tua pele arranhada, o teu olhar distante, as rugas dos remorsos machucando a tua testa.
Ela entenderá que não está só.
Irá te perguntar se gostas dela. Tu páras, as memórias chegam, tu sorris e dizes que sim. Ambos sabemos em quem pensaste, ela também soube mas guarda segredo para nao te perder.
Eu finjo que não sinto, que não acontece e que nada existe, por remorsos, porque a culpa também fere, porque o sentimento tem tanto de forte como de errado. Tu imitas-me.
E deste jeito ora fugindo dos medos ora agarrando-os com força vivemos na espera do futuro.
Era facil colocar ponto final mas dificil suportar o sal das lágrimas, o desatino de magoar alguém, o peso de ser o mau da fita.
Moral da história eu sou a puta e tu o cabrao, porque o sentimento vem e nós somos fracos para sempre resistir, e tu tens alguem que nao podes ferir.
Porque tu acabas por alguém magoar por presente evitares estar, para não ter fingir, nem mentir.
Preferes omitir.
Porque Tudo isto doí. Porque Tudo isto é feio.
Porque o mundo é isto e a vida muito mais.
Porque somos humanos e não deuses do olimpo e a essa condição nos reduzimos, sem querer censura, nem critica.
O tempo passou, passa sempre nao é?
E tão rápido que quase nem dei conta dos meses se irem embora, de virar as folhas no calendário.
Como ele passaram tambem momentos, passaram sonhos e sorisos e lágrimas.
Quando aqui cheguei julgava ser nos teus braços que encontraria a (minha) paz, enganei-me.
Por entre noites vagabundas conheci-te e senti o teu abraço.
Gostei do toque, gostei da voz, gostei do que descubri dentro de ti, longe das aparencias.
Não decpcionaste em nada os meus sonhos.
Eras real mas não me davas a paz.
Davas-me a euforia de um furacão, davas-me o fogo que queimava no peito.
E fazias me sorrir enquanto na boca ainda sentia o sabor salgado das lágrimas.
Corri atrás do teu amor como a tua amizade corria atrás de mim.
Percebi numa noite de novembro que te tinha de deixar partir, como tudo na vida nós tinhamos também um prazo de validade,prazo esse que já tinha sido ultrapassado.
Tinhas de ser livre viver sem o meu amor, sobreviverias facilmente pois agora compreendo e aceito que nunca me amaste metade do que eu te amei.
Gostavas de mim, era especial, tao especial para ti como um santo em cima do pedestal.
Mas isso nao me concretizava, pois continuava todos os dias a ser admirada mas sem nunca sair do pedestal.
Isso doía, isso feria.
Amar é bom, ser amado melhor ainda.
Duas faces da mesma moeda se completam.
Amar é bom, mas não chega, tem dias que compreendemos isso, e saltamos em busca de afecto e não de sentimentos escondidos bem lá no fundo do peito.
Desvalorizados pela vida ou pela sociedade cansei de brincar ao faz de conta.
Aos poucos fugi de ti e arumei na gaveta o passado que nos unia e que magoava nas lembranças.
As promessas matei-as dentro de mim com a mágoa de não as cumprir mas com felicidade de sentir de novo a liberdade no coração.
A vida deu me outros corpos, outras almas... que não amei, que não senti.
Deu me por fim outra paixão.. ainda prematura, ainda confusa e indistinta mas real, palpavel, consumivel.
O primeiro sentimento sincero depois do fim, depois de te negar e assumir que finalmente és preterito perfeito em minha vida.
Não te esqueci, talvez porque nunca o vá ser capaz de fazer, mas não te amo, isso ficou lá atrás, não garanto o futuro, sou uma comum mortal, mas vivo feliz sem ti.
Quando te vejo agora o corpo todo aperta de fininho, machuca lá no fundinho quando olho, reparo que tudo passou, da mesma forma como o tempo também passa.
E olho para ti e vejo amizade, carinho, afeiçao, cumplicidade, mas apenas e só amizade...
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