Não vou mais mentir.
Te enganar.
Me enganar.
Jurar que não sinto mais nada.
Viver fingindo que a lembrança não machuca.
Quando na verdade, os teus braços ainda me fazem sentir falta daquele abraço, os teus lábios ainda me fazem desejar mais um beijo.
Mas não é nas recordações carnais, dos momentos em que eramos um só, em que tu me possuías e mais nada existia, que as lágrimas vem.
Elas vem com memória das promessas loucas, das confissões de amor, das músicas batidas que passavam na rádio e as eternizavamos como nossas, quando te olho nos olhos e me pergunto onde é que nos perdemos, mas é quando ouço a tua voz que compreendo o que nos aconteceu, pois recordo as discussões e as palavras amargas e tudo fica tão nitido na minha mente, mas nem isso afasta este sentimento que me consome na solidão das horas, me acalma a cada por-do-sol, pelo contrário, pois quando eu disse te amava, era verdade, não era da boca pra fora, nem por precipitação ou pelo calor do momento, nunca foi.
Quando te confessei que te amava era porque o sentia dentro de mim, a fazer me mover a cada dia, tal como ontem e como hoje.
Mas como em tudo na vida, é necessario fazerem-se escolhas, e tu sempre nessa corda bamba de emoções, ainda a tentares descubrir-te no mundo, não me deixaste opções, então tive de escolher e escolhi.
Escolhi não sofrer, desistir, porque compreendi que sou muito mais que uma pedinte de amor, que não mereço sobreviver das esmolas de afecto que me davas em troca da minha vida inteira idolatrando-te.
Contigo ou sem ti eu sou o próprio amor, porque sei amar, por que me sei dar.
Talvez por isso a minha decisão de seguir em frente, mesmo que isso exija deixar para trás um pedaço de mim, quiçá até o maior deles todos.
Que se lixe tu e toda a tua insegurança, todo esse jogo do hoje-quero-amanhã-não-sei ou o gosto-de-ti-mas-tenho-os-meus amigos ou ainda aquele meu jogo favorito do se-vivesses-mais-perto-seria-diferente.
O problema é que chega sempre, no passar dos dias, aquela vontade chata de te voltar a abraçar, a abraçar para sempre, para nunca mais largar, mesmo quando tu foste o princepe que virou sapo, no meu conto de fadas sem final feliz.
Mas é quando essa vontade chata vem que eu vou abraçando tantos outros, para ir distraindo o coração, vou abrançando sem vontade, na esperança de que em algum momento me acostume a isso e deixe de te imagniar quando fecho os olhos.
Quem diria, que eu que sempre quis e esperava pela hora exacta de largar o (meu) mundo por ti, quereria hoje que o mundo me roubasse de uma vez para um outro amor, longe de ti, longe de toda esta magoa que não me larga nem me leva a lugar algum.
Hoje se fosse um dia como tantos outros depois da tua partida, senão tivesse de estudar para conseguir atingir objectivos, pegaria o meu vestido mais curto, pintaria o meu rosto e me colocaria no salto alto (para parecer ainda mais inacessivel) e sairia à tua procura fingindo que se te encontrasse seria por casualidade e estaria distraida o suficiente para não te ver na hora que passasses necessariamente perto para ter de te cumprimentar ou ainda corria o risco de em vez de um "ola" sair um "adeus" ou umas sinceras condolencias por me teres conseguido perder mesmo com tanto sentimento a apodrecer me as entranhas e a mente já insana.
Tento calar meu coração, cansado de falar só por falar, até porque fizemos um contrato, ele faz de conta que está morto e eu paro de fazer com que ele realmente morra aos poucos
Coração inteligente, já estava na hora de aprender a lei da selva, onde vence o mais forte. E se depois de tanto ainda não morreu, pertence sem dúvida ao grupo dos fortes, porque já dizia a sabedoria popular "o que não nos mata nos torna mais fortes".
E no meio de tudo isto te confesso num múrmurio, que não fingirei mais não gostar de ti, mesmo quando a barreira entre o amor e o ódio é tão estreita, não fingirei não me importar porque simplesmente não me importarei, mas nesta noites frias em que o sol cedo dá lugar à lua eu vou apenas fazer de conta que outro corpo me consegue amarrrar a alma para que o meu coração continue a fazer de conta que está morto.
Vai na volta pode ser que a vida se canse de me dar carne em vez de alma, trocar presença por ausência, e me volte a fazer gente, gente inteira com batimentos cardicacos e olhar brilhante, gente que come o que ama e ama o que come, gente que vive e não apenas sobrevive, gente como a que era contigo antes de te perder antes de me perderes, pode ser que nas voltas do destino, desse Karma tão duro de roer, essa vida que me assiste a cada fôlego, esse Deus que exite por detrás nuvens mais altas a vigiar cada passo meu, me traga gente pra eu ser gente, te traga a ti pra mim e me faça deixar de ter medo de ti, porque mesmo não te querendo por perto ainda com mais vontade de fugir mais do que na primeira vez que te vi, sem ti para sempre , não me imagino, porque talvez por ainda não ser gente e o coração ainda só estar a fazer de conta que não sente para eu cumprir a minha parte da promessa, ele sente, sente o vazio duma vida inteira sem ti e isso dói mais que qualquer discussão, que todas as vezes em que te perdi.
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