Vejo por aí esses relacionamentos faz de conta, esses que juram a pés juntos amor eterno.
(sem terem sequer a conciência de como alcançar a eternidade)
Fazem da vida poesia.
Inventam planos, escrevem filmes e sonham acordados.
Acreditam no amor como uma versão de um sorriso sem fim, sem perceberem que amor, são antes lágrimas sem fim.
(lágrimas de tristeza e lágrimas de alegria, lágrimas de perdão e lágrimas de solidão)
De repente discussões viram romance e agressões (físicas ou verbais) são contos de fada.
E depois dizem no vazio dos silêncios confusos ou das frases distorcidas, que não sabiamos amar, ou pelo menos não nos sabiamos amar.
Solta-se um dedo que aponta, as bocas que acusam sem acusar, insinuações feitas em gestos e momentos que ferem mais que palavras sólidas e consistentes.
Mesmo com a falta de credibilidade que impõem esses relacionamentos feitos de vapor, ficam as dúvidas vagabundas no coração:
Será que de facto não nos amamos? Será que foi por não termos planeado o futuro, ou porque enquanto viviamos o hoje nos esquecemos de concentrar no amanhã? Ou será que foi por nunca termos acreditado que dariamos certo, mesmo na certeza, de que de alguma forma já estavamos conectados um ao outro, mesmo antes de nos conhecermos, como se uma força maior nos unisse. Não importava se ele seria o meu futuro marido ou mais um cafageste que passou na minha vida, porque a gente sabia que estavamos destinados, não adientava fugir ou esconder, porque tinha de acontecer e seria para sempre (não em modo temporal mas historial, podiamos não contruir uma vida juntos até à morte, mas até a morte permaneceriamos na história um do outro). Soube que lhe pertencia desde o primeiro momento, mesmo antes de compreender quem ele era e porque tanto me assustava a sua presença e ele quando encontrou o meu sorriso teve a certeza que jamais o conseguiria esquecer e não querer fazer parte dele. Será que não nos amamos porque a vida não nos permitiu passar vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas juntos ou porque também discutiamos e discutiamos muito mas quando nos olhavamos fundo nos olhos nos perdiamos, esqueciamos as mágoas ou o ressentimentos e só nos lembravamos que nos queriamos demais.
Ou secalhar até nos amamos, secalhar até foi isto que nos fez ser diferentes, amar contra os estereotipos dessa sociedade louca, não sentir com olhos ou ouvidos, sentir com alma, eu sinto o chegar com a alma assim como o sinto partir, ouço os seus passos com o coração, é estranho e não se explica, o vazio que me deixa, essa falta de dele sinto no corpo, não se vê não se detecta em exames médicos, sente-se de fininho a roer as entranhas. É com alma que o leio e o desejo.
Se nos amamos não os fazemos de forma racional (mas desde sempre o amor foi algo emocional, como qualquer bom sentimento)
Contem-me como ele é fisicamente porque não sei, só o consigo ver por dentro. E não é perfeito, longe disso, é louco, imaturo, não nasceu em berço de ouro, não éd outor, nem engenheiro (é humano simples e mortal), gosta de sexo como quem gosta chocolate e gosta de mim como quem gosta do oxigénio que respira (pura necessidade de sobrevivência), mas a vida ensinou-me que é exactamente assim que gosto dele e se o destino nos desse a oportunidade de um "second round" a dois seria tudo tão diferente, não o tentaria mudar apenas completar, num ataria a mim num desses laços que vira nó e afasta as pessoas ao invés de as juntar. Nesse "second round" mostraria ao universo de relacionamentos a longo prazo sem alicerces de que matéria controversa é feito o amor dos filmes que escrevem.
Depois dele vivi tantos romances, uns reais outros platónicos e nunca fui de ninguém como fui dele, nem prendi ninguém como o prendi a ele. Não foi de certo, por opção, foi a tal ligação, a tal conecção que se não é amor é um sentimento ainda por inventar, que nasceu sem nos falarmos, sobrevive no tempo, na distância e na ausência, nos deixa livres de tomar rumos diferentes, mas proibe de voltar a renascer em outro ser a não ser ele, a não ser eu.
Não digo que seja bom, é aliás bastante duro viver nesta corda bamba de emoções, mas tem horas, tem dias em que tudo vale a pena, quando usamos a nossa liberdade para voltar depois de partir e não para partir depois de ficar, de ficar por tempo demais até sufucar.
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