Era ela.
Demorou tempo demais no teu passado, por consequência ganhou prioridade por permanencia e agora come-te o presente, o teu presente e o meu presente.
Leva-te aos poucos para longe de mim, porque ainda vive em ti.
Invejo-a por ter tido tanto de ti e por ainda ter tanto de nós.
Procuro dia e noite.
E noite e dia.
Por ti, por mim e pior que tudo, procuro por nós.
Sinto-me tão perdida, demasiado perdida, sem ti por perto tudo fico incompleto, a vida sabe a pouco.
De manhã ao acordar, ainda de olhos fechados, tento agarrar o teu braço, procuro com a minha boca o calor do teus lábios ,mas não encontro e acabo por desitir.
Abro os olhos e a minha cama está vazia, fico fria, sinto a lágrima a cair e recordo me de ti.
Lembro as nossas noite longas, passadas a dançar e a beber ora numa praça aberta ora num café a fechar.
Lembro-me dos beijos dados numa esplanada desprovida de gente, de vida e de luz, só nós, a lua, as estrelas, o mondego ali estavamos naquela noite tão escura, tão quente.
Lembro como tudo começou e como tudo acabou, a loucura do inicio e a magoa da despedida, o adeus que ficou suspenso no ar quando chegou o fim duma existencia tao curta.
Pediste-me confuso apenas amizade com mil justificações que não quis ouvir.
No momento não consegui responder que não te podia dar só amizade enquanto exitirem memórias, enquanto me lembrar de nós, de todas essas noites e de todas as outras, passadas entre um quarto e uma cozinha, brincavamos aos fritos, aos cozinheiros, fingiamos que queriamos comer quando a maior fome em nós era um pelo outro. Trancavamo-nos no teu quarto como senão houvesse mundo lá fora e não havia, não para ti e não para mim, em noites e dias de gestos loucos e palavras amenas, só a música e nós fazia sentido.
Mas tudo passou e agora sobrevivo de saudades que trazem lágrimas e sorrisos quando o coração aperta e clama o teu nome.
Saudades que matam, que ferem, que aquecem a alma, que torturam, que fazem rir, que alegram.
Saudades do teu abraço apertado e pacifico, das tuas maos asperas de cicatrizes profundas, saudades dos teus piercings, de ficar a olhar para a tuas tatuagens tentando percebe-las, da tua lingua, do teus beijos molhados, de te ver dormir, das tuas cariquicia e dos nossos toques loucos, do desejo, do calor, dos arranhões, das nossas conversas, de fumarmos o mesmo cigarro e bebermos da mesma garrafa, de te ter ali tão certo tão inteiro tão meu tão proximo tão consumivel tão apelativo.
Saudades de ficar a ouvir-te a tocar bateria e de te ouvir cantar ao meu ouvido, de me deixares ser a tua bateria, de jogarmos jogos de porrada e não me deixares ganhar.
Agora tudo acabou, resta me conformar com a tua ausência, com a tua falta.
O teu cheiro já desapareceu da minha roupa, do meu cabelo e da minha pele, sem ele é mai facil não pensar.
Mas o teu casaco continua pendurado na cadeira do meu quarto e arrepia-me o coração quando olho para ele, vêm todas as memorias ao mesmo tempo, com elas a raiva, o medo, as saudades, a necessidade, a tristeza, as lágrimas e os sorrisos.
No entretanto não para de latejar na cabeça como num batimento cardiaco a pergunta que um dia me fizeste e não consegui responder convicta "se te amasse estava fodido?".
posso-te responder agora se me amasses daria ceu e mar por um sorriso teu, mas sim estarias fodido como eu estou fodida porque o amor é fodido mas somos nós quem o fode.
Longe ou perto desejava agora que todas as marcas que fizemos um no outro o tempo não as tivesse arrancado da nossa carne, para que todos aqueles que se possam no entretanto enlaçar nas nossas vidas saibam que antes deles eu estive em ti e tu estiveste em mim.
Marcas eternizadas no corpo para nao nos esquecermos nunca que fomos felizes um no outro que ainda poderiamos ser senao insistissemos em foder o amor.
Sempre soube e naquela noite em que me rejeitaste tive a certeza.
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