Há dias que cansam, a boca está quase dormente de tanto rir e os olhos doloridos de tanto pestanejar para aguentar as lágrimas.
Dias em que ela percebe que tem a lista telefónica cheia de desconhecidos, que os únicos numeros que valia a pena ligar se esqueceram que existe, vidas emocionais ou profissionais demasido preenchidas (mas nem tão pocuco condena por isso, gosta demais para o fazer).
Um novo ciclo começa aos poucos, ela sente, um ciclo em que tem de parar de se esconder da solidão por entre noites, com copos meio vazios meio cheios. Há que "pegar o touro pelos cornos", enfrentar de cabeça erguida o facto de estar sozinha, porque é demasiado cansativo lutar para que gostem dela tal como é, demasiado cansativo lutar sozinha por sentimentos de amor ou amizade, é errado comprar vontades a não ser a dela própria para a sua vocação, ela sabe que chegou a hora de se focar forte no emprego, nos estudos, sem deixar espaço para mais nenhum pensamento, mesmo assim se eles vierem ela tem apenas de deitar e dormir (vão passar com o nascer do novo dia), há que aprender de uma vez por todas a lamber as próprias feridas, a secar as lágrimas e virar pedra. Ela reconhece que seria mais fácil se tivesse aquele abraço, ou aquela conversa, mas a vida ensinou-a que o mundo gira à volta do sol e não do seu umbigo, e se gosta de verdade daqueles amigos, então tem de dar liberdade e esperar que parta deles a vontade e necessidade de a procurar, de a ver sorrir ou chorar, de a abraçar.
Ela queria ser mais forte, mais dura, mas parar e olhar à volta implica compreender que não é assim tão perfeito ser-se a ultima bolacha do pacote, é como estar constantemente deslocada na sociedade, como o presente ser o pior sitio pra viver, antes passado, antes futuro mas o presente torna-se sufocante.
É cansativo ter de viver com máscaras, precisava do seu porto de abrigo apenas para cair no silêncio, apenas para sentir paz, o carinho conjugado em verbos mais fortes. É igualmente cansativo procurar sem sucesso esse porto de abrigo dentro de si própria quando olhando pra fora, nem precisa de procurar porque sabe onde ele está dá tem nome próprio.
Se o Karma existe ela está a pagar bem caro o dela.
Vem tudo à cabeça, conversas, emoções, vontades, memórias a curto ou a longo prazo, prespectivas, sonhos.
Sente dentro da mente a voz daquela que mais amou a orienta-la em sussurros, mas parece tão insuficiente, e eis que na cabeça ...mais conversas , emoções, vontades e memórias.
Tem dias que não são nada facéis pra quem os sente e os vive, mas continua a velha máxiam ninguém prometeu que seriam, apenas prometeram que valeria a pena.
Tantos pedacinhos de nada a atormentam que mais parece uma bola de neve que rebola montanha a baixo.
E no fim das contas deita na cama com a cabeça cheia e vida vazia, fecha os olhos por momentos recua semanas atrás e deita naquele abraço, naquele porto de abrigo, e com essa lembrança acalma e adormece, na serena expectativa que no dia seguinte junto com os primeiros raios de sol virão boas vibrações, novas forças para sorrir e estará um dia mais próxima do seu futuro seja ele o qual for.
(to be continued)
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