Já está tarde, o galo já canta ao longe e o dia já começa a querer nascer na minha janela, mas a lembranca do teu rosto não me deixa adormecer, talvez por isso esta necessidade de te contar que ainda guardo na minha pele o cheiro da tua pele e nos meus lábios o sabor da tua boca.
Fecho os olhos e rebolo na cama, na memória dias felizes, uma outra felicidade, uma felicidade contigo, onde era só tu e eu, o teu sorriso e a minha gargalhada, a tua musica e a minha dança, o teu corpo e o meu prazer, os teus silencios e as minhas palavras, o teu olhar e o meu olhar, simples, fácil, tudo acabava e começava em nós, parecia fragil, soluvel, de consistencia melindrosa ... quem haveria de dizer que era tão consistente, tão alicersado.
Nós somos feitos do mesmo material que são feitos os sonhos, começamos do nada, demos vida à cinza e ela voou nos ceus como fenix. Foi devagar, eu tinha medo e um passado que assombrava, nao acreditava em promessas, nem em palavras, entao tu vieste devagar, e sem acordar os fantasmas limpaste o velho sotao empoeirado de velhas es gastas recordaçoes, que magoavam, nao prometeste nada, foste apenas cumprindo, mostraste-me o mundo sem falar, a essencia eram os gestos, os olhos negros que chegavam fundo na minha alma.
Até hoje ainda nao compreendi como me conquistas-te, como conseguiste entrar no meu mundo tao bem fechado, rompeste com fronteiras, muros e armaduras apenas com beijos e ternuras, simples e de simplicidades construimos isto a que um dia poderemos chamar de amor literario, pois a nossa historia e este sentimento amachucado, seria inspiraçao ao mais belo romance, daqueles que ficam no fundo da parteleira empoeirados, livros grossos de mil folhas velhas e amarelas, que contam sorrissos e lagrimas.
Tu para mim és o meu melhor sorriso, o brilho no olho, a paz, a unica forma justificavel de morrer é nos teus braços e isto parece melancolico e dramatico mas na verdade é terno é doce, é disto que é feita a felicidade, do sossego que a tua alma me dá, em ti encontrei o meu sitio no mundo, sem ti nenhum sitio é bom o suficiente, nao recordo se algum dia me senti assim de verdade, pois tu apagaste tudo o que existiu antes de ti, e se bem me contam os velhos diarios tive amores bem intensos, mas nós nao somos intensos, somos leves como brisas. Se me pedissem para nos definir a nós ou a este sentimento, escolheria uma paisagem... um prado verdejante ao fim de um dia agosto, ao longe o barulho da agua a correr no riacho, os passaros nas arvores a chilrear enquanto outros passeavam nos ceus ja de varios tons entre as nuvens de algodao, as brisas quentes a agitar ao de leve as arvores prometendo esse outono que chegava ... ou um dia de inverno, uma sala enorme e uma lareira acesa, enormes vidraças e a chuva a bater nelas intensamente, uma taça dum qualquer liquido quente nas maos e uma manta a embrulhar-me o corpo..(o que se sente em dias assim? é exactamente isso que sinto no teu abraço ... a calma, o conforto, a quietude, a paz).
Nao es fogo que tudo consome e no fim deixa o vazio, só a tua ausencia tem esse efeito, nao es como como morrer afogada, és o ar que ajuda a respirar, nao és o meu pior mas o meu melhor, por isso me sinto assim no tic tac frenetico das horas de espera, de silencios, de vazios, de ausencias, de solidao.
Sempre chorei ao ver um filme de amor, ou quando a mama me embalava com historias de encantar, nunca pensei um dia viver uma de verdade, achei q essas paixoes eram tao diferentes do que realmente sao, tao magico, tao intemporal, tao natural.
Um amor assim é feito de pequenas coisas coisas que fazem rir e chorar.
Anciosa pelo teu regresso, já falta pouco, viras diferente, já nao es de certo o mesmo homem, o mundo muda-nos, mas rapidamente de lembraras quem es quando te encontrares em nos.
Até breve, de portugal com amor.
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